Se Marcelo Fromer, Tony Bellotto e Arnaldo
Antunes tivessem escrito, hoje, a música “O pulso” (1989), penso eu cá com meus
belos botões, que seria, em parte, assim:
“Hiperativismo, bipolaridade,
ansiedade, dislexia.
Bullying, psicopatia,
‘endemoniamento’, bruxaria.
E o FDP ainda
pulsa...”
Tirando o fato da minha atual adolescência mental e,
“botando” umas rugas a mais (marquinhas mínimas de expressão, façam-me o
favor!), acredito na tese “popularmente científica” de que o mundo “ta cabano”!
Vamos partir de um exemplo “pessoal de mim mesma,
acontecido comigo”:
Sempre fui baixinha, gordinha e dentuça (já me
identifiquei muito com a Mônica, aliás) e todos sabiam, viam e lembravam-me
disso.
Analisemos: antes = "O problema é teu!"; hoje = bullying...
Para compensar, talvez, minha “deficiência top model”,
eu sempre me “sobressaí” (palavrinha feia, nunca a tinha escrito) em relação à
criatividade e às boas notas. Em contrapartida, alguns dos meus queridos, não.
Analisemos: antes = burrice aguda; hoje = dislexia,
disgrafia, hiperativismo, culpa do professor etc., etc., etc...
Agora vem o mais impressionante, na “minha época”,
tratar um professor(a) mal ou pai/mãe ou qualquer pessoa ou “coisa” que não
fosse seu lápis de ponta quebrada era CONDENÁVEL; hoje = bipolaridade, obra do
demo, distúrbio causado pelo estresse e outros eufemismos carinhosos para uma
boa “filhadaputagem”.
Pais, aqui vai uma dica de uma pessoa que conhece mais
sobre o “mundo” alheio do que sobre o seu próprio:
Eduquem seus filhos para darem lugar a um idoso, a um deficiente,
a uma gestante ou a uma pessoa com criança de colo em um ônibus; para não
aceitarem doces, dinheiro ou “pedidos” de estranhos; para respeitarem seus
professores; para contarem até mil, se preciso, antes de partirem para a
agressão; para escutarem antes de darem sua opinião; para dizerem “por favor,
obrigado(a) e com licença”.
Valores antigos nem sempre farão com que seus filhos fiquem
livres de serem criminosos, vítimas ou que decidam não seguir qualquer caminho
errado, mas farão com que um dia voltem. Seja para os braços protetores e
mestres dos pais, ou para terem os joelhos sujos e grudados em uma lápide, com
a arrependida memória de não ter seguido a sabedoria deles.
Lici Cruz