domingo, 15 de setembro de 2013

Batata quente



Em uma via de mão dupla, a sua liberdade vai até onde começa a liberdade do outro, e sua responsabilidade começa onde termina a do outro.
Algumas vezes meus pais precisaram atender a algum chamado da coordenação ou orientação pedagógica durante o meu período escolar. Não que eu desse muito trabalho, mas, admito hoje, conversava demais. Não que isso me prejudicasse em relação às notas, mas prejudicava os outros.
Meus pais nunca concordaram com as reclamações... com as minhas reclamações. Não me educaram para atrapalhar. Não me educaram para desrespeitar o direito do outro de ensinar e nem o do próximo de aprender.
As notas sempre foram notadas; as reuniões comparecidas; as reclamações ouvidas, e os elogios também, e todos repassados, tantas quantas vezes necessárias, até que eu aprendesse a diferença entre uma conduta acertada e um mal desnecessário.
“Não converse fora de hora; não brigue, não bata; não xingue; respeite; estude; não atrapalhe; seja humilde; quando não souber, pergunte; seja solidária; ajude; seja boas et ceteras e evite as más reticências...”. Tudo isso eu carregava de casa para a escola e nunca me incomodou ou pesou mais em minha mochila. Pelo contrário, carreguei, e carrego sempre, valores vindos de casa, para, justamente, ter mais tempo e espaço para alimentar, desenvolver e preencher meu sapientíssimo intelecto.
O que vejo, hoje, são escolas virando-se em avessos para corrigir as falhas sociais dos seus pupilos e pais preocupados em não ter preocupações.
É fato que no faturamento líquido de um dia, ninguém, ou quase ninguém, goza das plenas vinte e quatro horas, das saudáveis oito horas de sono ou das três refeições mais importantes do dia, mas, enquanto não arrumarmos tempo para dividir as responsabilidades de uma Educação maiúscula, sempre haverá culpados, e esses nem sempre serão os réus.


Lici Cruz

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

“Quero ver quem paga pra gente ficar assim”


Quando o gigante não controla a sua força, ele acaba destruindo a si próprio. Quando ele a desconhece ou acha que a conhece, o problema é maior ainda, pois destrói também os seus semelhantes.
Alguns estão levando para as ruas justamente o que querem que se acabe no governo (roubos/saques, sujeira, destruição, injustiça, vadiagem, baderna, desrespeito etc.).
A maioria que disse saber o que queria, na verdade só quis, mas não soube e não sabe que quando se junta muitos “quereres” quase não se sobra tempo para os planos de contenção.
São “guerreiros” que erguem muralhas com bases oníricas e esquecem que para as tais manterem-se de pé é necessário muito mais do que gritos de ordem. Esquecem que um império soberano e justo não se constrói ou se mantém enquanto não se controla uma minoria que tem mais sangue nos olhos do que nas veias. Olhos esses que são os únicos a ficar à mostra, mas que não enxergam a estupidez que o restante do corpo pratica. Olhos outros que a D. Justiça se nega a mostrar, talvez para, no inverso, tentar, além de não ver o que também fazem com o restante do país, não ver os lábios que gesticulam o seu nome como motivo de tanto primitivismo.
Os sujos querendo limpar os porcos com banho de lama! Totalmente ótimo isso! Vão em frente e ajudem a derrubar a carcaça de um Brasil que já está quase oco de tanto ser sugado por essa corja política. Vão lá, fé e foco que o serviço está quase pronto. Só não se esqueçam de lavar as mãos e apagar a luz quando saírem.


Lici Cruz

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Mahatma teacher


— Do you speak English?
— Yes?
— Ok, vamos lá...
— Não, pera.
— O que foi?
— Posso ir ao banheiro?
— Sim, pode, mas não demore.
(Dez minutos depois)
— Podemos continuar?
— Sim.
— Ok. How was your day yesterday?
— Er... good?
— Ok. What did you do yesterday?
— Essa eu sei. Ontem eu acordei, escovei os dentes...
— No...
— Sim, foi isso que eu fiz, e...
— No...
— Como você sabe que não foi? Fui eu quem fez!
— Yes, I know, but...
— But então deixa eu continuar!
— Yes, but you must speak in English, not in Portuguese.
— Ó, é vero! Mas por que não disse antes?
— ...
— Ok, ok... qual era a pergunta mesmo?
— In English.
— Eu sei, você já disse isso, mas qual era a pergunta?
— In English! You must speak in English, not in Portuguese!
— Oh my God! Ok.
— What did you do yesterday?
— De novo?
— What?
— Você já fez essa pergunta. É repetida.
— (Suspiro, muuuito profundo) Do you understanding me?
— Yes?
— So, can you answer me in English?
— YES, WE CAN! (valeu Obama!)
— I... Yes, I can! Not WE can!
— Mas eu disse I. Você ouviu WE?
— Did you say?
— Sim, eu disse.
— In English!
— Mas foi em Inglês que eu disse!
— Eu sei, mas estou pedindo para você falar todas as suas falas em inglês, todas, todas...
— Okeeey! Might I ask you a question?
— Yes… yes… (invocando o Hare Krishna)
— What did you do yesterday?
— Me?
— Yes, you.
— I woke up, brushed my teeth, took a shower and went to work. So, I worked and after I had lunch. After that, I worked again and, in the end of the day, I came back home, had dinner, used the computer, watched a movie and slept, and you?
— I did the same things as you! What a coincidence, isn't it?
— Ok... a aula acabou.
— In English, teacher, you must speak in English, not in Portuguese!

Lici Cruz

“Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações terá sido mera coincidência.”

Obs.: os erros do meu English very good, serão corrigidos conforme forem sendo notados. Agradeço a compreensão.