Não
que eu não houvesse pensado nisso antes, mas há algum tempo, um senhor
distinto, com aparência confiável e atitudes impactantes, foi, principalmente
pela mídia, empossado como o primeiro presidente negro do Supremo Tribunal Federal
brasileiro.
Há alguns passos da nação verde e amarela – e com alguns anos
de antecedência –, outro homem fazia história como primeiro presidente negro da
terra do hambúrguer. Agora, apresenta-se a possibilidade de a Sua Santidade
ser, também e pioneiramente, um negro.
Agora, eu me (e vos) pergunto: e quem foram os primeiros
brancos, os primeiros amarelos, os primeiros pardos, os primeiros mulatos? Quem
foram os primeiros seres humanos com nome e sobrenome, que usaram o seu cérebro
cor única e suas palavras e atitudes transparentes para fazer a diferença? Até
quando vamos tratar e evidenciar as pessoas pelo tom de pele? Algo que, a meu
ver, não é vitória alguma, mas sim que coloca a diferença racial como diferença
de capacidade. Quando um “primeiro” consegue algum feito, é como se ele fosse
diferenciado e superior a sua própria “raça”. É como se os outros de sua
“espécie” não fossem capazes ou não tivessem coragem de atingir o próximo e
mais alto nível (e ele foi lá e fez!). E isso é para todos, desde o primeiro
rapper branco até o primeiro jogador de futebol oriental.
Meus caros coloridos, nosso DNA não tem cor, nosso sangue
sim, e ele é, para todos, VERMELHO.
Pessoas devem ser identificadas, conhecidas e lembradas pelo
nome, é para isso que recebemos um quando nascemos. Se o seu ou o de alguém que
você conheça não for branco, preto, amarelo, laranja, não batize com os olhos.
Para quem não entendeu, fica assim: meu nome não é branca, é
Lici Cruz, prazer em conhecê-lo(a). Qual é a sua graça?
Lici Cruz