Hoje
eu senti um medo assustador, redundante em nome e feeling. E se eu morresse daqui a pouco?! Logo ali! Pensei logo em
largar o cigarro, a bebida, a carne e o corpo, fazer exercícios e educar o meu
“temperamento putaqueopariu”, mas estressei-me só de pensar. Ok, uma pausa. Um
cigarro para acalmar e um copo de cerveja para relaxar.
Pronto,
o fantástico circo do meu cérebro iniciou mais uma vez suas atividades. Hoje, e
não sei por que hoje, ele resolver exibir “O” show. Como se fosse o último de
sua vida.
As
sinapses, frenéticas, faziam malabares alucinados com as informações. Os
neurônios resolveram ousar no trapézio e retiraram a rede de proteção, mesmo
sabendo que muitos deles poderiam morrer. E o Cérebro, com sua cara enrugada,
assistia a tudo com um ar satisfeito.
Eis
que, depois de a consciência domar “os leões dos problemas acumulados”, o
Cérebro chama o palhaço. A alegria do circo.
“Respeitável
público! Com vocês, o palhaço Coração!”
Atrapalhado,
ele entra capengando. Mas, como sempre, consegue arrancar risos da plateia
cheia de razão. Não contente, o Sr. Cérebro, com sua voz dura e insensível,
exige do Coração mais ousadia. Então o palhaço, satisfazendo o poderoso chefão,
venda os olhos, sobe em uma escada íngreme e quilométrica e salta para um buraco
negro, denominado pelo dono do espetáculo de “Fosso dos Desejos”.
A
plateia revoltada se divide em pena e condenação de burrice ao ser de nariz
vermelho, mas aplaude fervorosa e histericamente, quando o apresentador, com
suas sobrancelhas tediosas, pronuncia: “Calma, pessoal, ele não morreu. É
acostumado e treinado para este número. Faz isso há anos. E agora, aplausos!
Porque o show tem que continuar!”.
Lici Cruz
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