Quando levamos uma vida social ativa
(por exemplo, trabalho, contato com seres da mesma espécie), saímos não somente
de casa, mas também da nossa casca protetora e individual. Nesse processo
diário e rotineiro, precisamos (e como precisamos!)
fazer uso de uma poção mágica chamada “interação social”. De fato que no início
é um pouco mais difícil para alguns e até, no decorrer do tempo, limitado para
outros, mas é preciso ao menos uma dose diária para que nossos dias possam...
digamos... fluir.
Como
elementos base dessa poção, temos a família, os colegas de trabalho, os amigos,
o tio da padaria, o motorista do ônibus, a vendedora da loja de calçados, o
porteiro, a recepcionista do consultório médico e tantos quantos caibam em
nossas possíveis dezesseis horas diárias de olhos abertos. Já para ativar as
propriedades sociais desses elementos, fazemos uso de um pó mágico chamado
“comunicação”, o qual dispensa definições.
Para que
toda boa poção se complete e tenha o efeito esperado, é necessário o uso
correto de palavras mágicas, que variam conforme a necessidade e a ocasião. E é
aí que a coisa costuma desandar. Muita gente confunde, por exemplo, um “Oi!”,
um “Olá!” com um “Bom dia!”. “Mas tia Lici, não é a mesma coisa?”. Não.
Palavras
mágicas como “Bom dia!” devem (pelo menos deveriam) ser pronunciadas com o
poder e a verdadeira intenção que têm. Não é um simples cumprimento, é um
desejo de um BOM dia que se faz.
Já vi e ouvi
(ou só vi, porque às vezes só os lábios se mexem, som que é bom nada) e vejo/ouço
todos os dias, pessoas “olhando” umas para as outras e balbuciando um “bom dia”
para o chão, para a parede, para alguma alma penada que estava passando por ali
no momento (ui, arrepiei!) ou até para o seu próprio intestino (que é onde deve
ir parar o “bom dia” engolido).
É sério!
Qual a necessidade de dizer algo tão bom, sem querer, sem ânimo e com tanta
indiferença? Eu sei, não existe lei que obrigue, que meça a intensidade ou que
institua a análise da veracidade de um genuíno “Bom dia!”. Mas, valha-me Deus!
É até pecado tanto desânimo (ou mau-humor?!)!
É assim,
e assim ficamos: se não quer que seja bom, que seja “Oi!”. Caso não tenha
“tempo para essas frescuras sociais”, combinamos o seguinte: balance a cabeça e
dê um sorrisinho, se possível, para não assustar a nossa criança interior, e
entenderemos o recado.
Lici Cruz
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