segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Senhora


Vivia na opulência
Mas não queria sua vivência
Para não ter que ver
Seu filho crescer
Já se sentia na velhice
Estava velha e só
E na sua ausência
Lhe restavam apenas
A carcaça e o pó
Mas em seu peito ainda havia
Um coração que batia
Em compasso de segundo
Quase parando,
Quase deixando este mundo
Mas antes de padecer
Precisava enlouquecer
Pobre senhora
Uma rosa que murchou
E que agora chora...
Ilusões a enganavam
Seus músculos atrofiavam
Seus lábios caídos
Deixavam que o mel de uma vida
Escorresse leve ainda
E seus olhos agora fundos,
Como um vidro de perfume
Que para baixo induz seu cume
Derramavam seu conteúdo
E ela às pressas
Logo os enxuga
Faz um trajeto
Contornando as rugas
Mas por mais que o líquido seja doce
Oh! Quem dera se jovem fosse
Mais doce seria...mais doce...
Lici Cruz

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