quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Eu quero ser uma FDP



Uma breve sobre mim, que para muitos pode não significar nada. Minha casa era de madeira andante, o assoalho rangia seus dentes e o vento fazia a festa entre os poros arrombados das paredes. Pois é. Assim aprendi o que é ser gente.
Hoje, minhas garras afiadas procuram cifrões honestos, porém obesos. Minha capacidade? Tem como acrescentar mais zeros a direita?
Até quando sucesso será considerado apologia ao crime? Até quando o coração inflamado de amor terá que tomar antibióticos de contenção? Até quando o “deixa pra lá” fará parte das minhas decisões?
Não gosto de pobre de oportunidade/capacidade. Tenho preconceito sim! Preconceito contra o comodismo, o mesmo comodismo pré-histórico dos capacitados.
Eu posso não ter nascido campeã de natação ou recordista em levantamento de pesos, mas sei lavar, passar, cozinhar (especialidade) e domesticar sentimentos agressivos. Sou medalha de ouro em carinho e já ganhei dois Oscars como melhor atriz em fingir que não precisava de retribuição pelos sentimentos bons que eu oferecia, além de ser a mãe mais mãe do ano*. Tenho criatividade fênix para solucionar problemas. Meu maior defeito? Perfeccionismo irritante. Qualidade magistra? Sou intensa demais! PHD em choro e vela e em riso com dor abdominal.
Tenho sonhos sim, inclusive ganhar na Mega-sena sem jogar, mas gosto também daquele em que ralo, luto e definho para alcançar meu sucesso dourado. Mesmo sabendo que no fim desse arco-íris cheio de calos, de mãos e de alma, vou encontrar, reluzente e soberba, uma galera com placas de manifesto “antimeusucesso” ao lado do MEU pote de ouro.
Pois é, haverá críticas quando eu ganhar meu primeiro mil. Com meus primeiros dez mil, com certeza ganharei o título de “Miss Vadia”. Porém agradecerei a Deus, em primeiro lugar, aos meus queridos e as minhas “outras pessoas”, quando eu for uma FDP** com meu primeiro milhão.

*Tendo como jurados eu e meu filho.
** Perdoe-os, mãe, eles não sabem o que dizem.

Lici Cruz

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