sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Movimento dos Caras-viradas e Bundas-pesadas



Ultimamente venho testando, com certa frequência, além das minhas habilidades como trapezista e equilibrista, minha capacidade, até então desconhecida por mim, em tirar paciência de situações dignas de voadoras com salto agulha. E tudo isso dentro de uma circular (ônibus). E tudo isso segurando bolsas, filho e indignações. O filho eu procuro ensinar, desde já, a respeitar o próximo e a ter a “educaobrigação” de ceder o espaço a quem precisa e tem todo o direito de estar nele. As bolsas e as indignações, eu planejo usá-las juntas, logo, logo...
É ensurdecedor a gritante falta de educação que se vê nesse ambiente. É nojenta a indiferença dos rostos que se viram para apreciar a bela paisagem, enquanto, do lado de dentro, vidas sendo geradas, vidas recém-começadas e vidas quase findas, disputam, em pé, um lugar para se apoiarem.
Que geração de infelizes é essa que tem a mente tão estúpida e vazia que não sustenta a incumbência de suportar o peso da própria bunda?!
É um espetáculo de mães equilibrando filhos, idosos tentando manter em pé o corpo trêmulo, gestantes protegendo vidas e ainda evitando “esbarrigar” em alguém da plateia. A mesma plateia que finge que não vê, que finge que dorme e que acredita que está certa.
Querido jovem, futuro e orgulho da nação, antes de pintar a cara e sair às ruas para reivindicar seus direitos, lave-a e comece a respeitar o direito do outro.


Lici Cruz

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