Em
uma via de mão dupla, a sua liberdade vai até onde começa a liberdade do outro,
e sua responsabilidade começa onde termina a do outro.
Algumas
vezes meus pais precisaram atender a algum chamado da coordenação ou orientação
pedagógica durante o meu período escolar. Não que eu desse muito trabalho, mas,
admito hoje, conversava demais. Não que isso me prejudicasse em relação às
notas, mas prejudicava os outros.
Meus
pais nunca concordaram com as reclamações... com as minhas reclamações. Não me
educaram para atrapalhar. Não me educaram para desrespeitar o direito do outro
de ensinar e nem o do próximo de aprender.
As
notas sempre foram notadas; as reuniões comparecidas; as reclamações ouvidas, e
os elogios também, e todos repassados, tantas quantas vezes necessárias, até
que eu aprendesse a diferença entre uma conduta acertada e um mal desnecessário.
“Não
converse fora de hora; não brigue, não bata; não xingue; respeite; estude; não
atrapalhe; seja humilde; quando não souber, pergunte; seja solidária; ajude;
seja boas et ceteras e evite as más
reticências...”. Tudo isso eu carregava de casa para a escola e nunca me
incomodou ou pesou mais em minha mochila. Pelo contrário, carreguei, e carrego
sempre, valores vindos de casa, para, justamente, ter mais tempo e espaço para alimentar,
desenvolver e preencher meu sapientíssimo intelecto.
O
que vejo, hoje, são escolas virando-se em avessos para corrigir as falhas
sociais dos seus pupilos e pais preocupados em não ter preocupações.
É
fato que no faturamento líquido de um dia, ninguém, ou quase ninguém, goza das plenas
vinte e quatro horas, das saudáveis oito horas de sono ou das três refeições mais
importantes do dia, mas, enquanto não arrumarmos tempo para dividir as
responsabilidades de uma Educação maiúscula, sempre haverá culpados, e esses
nem sempre serão os réus.
Lici Cruz
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