Enfim
chegamos à Era da autonomia didática, onde tudo se aprende e tudo se ensina por
meio qualquer que não seja o árduo esforço docente ou a calva ou esbranquiçada
cabeleira de um responsável.
Tudo
o que se aprende é previamente compartilhado, curtido ou indicado. Respostas
para assuntos antes tão estudáveis hoje são facilmente pesquisáveis e
entendíveis. Compreensíveis? Não, não é necessário, é perda de tempo para os
(sub)gênios modernos.
As
leis atuais de libertinagem (em contrainterpretação à liberdade) e de críticas
sem fundamentos, também são “justas” sancionadas por essa geração de imediatos,
de pessoas sem tempo para entenderem o que dizem ou para quem dizem. Tudo pode.
Tudo é válido. Afinal, o direito de expressão foi conquistado, e qual é o
desfrute do prêmio se não se puder, finalmente, falar, sem base nenhuma (isso
não importa) o que se acha de quem ou do que se quer falar.
Analisar,
interpretar, compreender? Pra quê? Gritar? Isso sim! Contra tudo e todos os que
forem contrários ao que o grupo propor. Até que este se torne chato, ou que
outro mais radical e maneiro se faça. Não é difícil trocar de grupo hoje em dia,
afinal, não se fazem mais amigos com esforçantes abraços, afinidades ou afins,
ou com o simples amor ao próximo. Não, isso é ultrapassado!
Pois
é, é gente demais sabendo demais sobre coisas demais. Porém, mesmo com tantas
verdades, justiça e conhecimento, baseados em “estou certo e ponto!” ou em “Eu
vi no face ontem”, confesso que ainda
tem coisas que me assustam nessa “geração know-how” de professores, juízes,
analistas e sabiologistas autodidatas. Por exemplo, às vezes tenho receio em
sair às ruas, vai que em uma dessas sou agredida, assaltada ou estuprada e a
culpa seja minha e não do bandido? O melhor a se fazer talvez seja pedir uma
pausa a ele e, em pose para a câmera, exigir-lhe um motivo, e, seja ele qual
for e se a vida me for poupada, postar o vídeo em rede social e torcer para que
o veredicto seja a meu favor. Caso não seja, posso postar
uma foto minha, dizer que fui sequestrada e pedir que, se me encontrarem,
devolvam-me para o passado mais próximo. Lá onde a luz no fim do túnel ainda
era de esperança e não de um monitor ligado.
Lici Cruz
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