sábado, 23 de novembro de 2013

C.


Há tempos que eu não escrevo um poema
Há tempos que de tempo em tempo
Passo em branco por folhas brancas
Talvez por, no esquecimento,
Ter entregado ao vento
Meus sentimentos de morte ou de amor

Sem dor ou lamento
Ou carinho em flor
Não há rima que preste
Não há choro ou vela que se reze

Mas enquanto o tempo não se fez
Dei a alguns suspiros sua vez
Razão e motivo pelos quais eu escrevo

Suspiros de ais inconformados
De seres impossibilitados
De amar sem pecado
Fadados
A beijos e a abraços isolados
Cada um no seu desejo 
Cada outro no sorriso vivo dos olhos fechados

E como de angústia também se faz verso
É nesse não poder que hoje eu tropeço
Minha (po)ética tão esquecida

E para não chorar mais
Deixo um recado
Aos desenganados e aos enamorados:
Que nunca seja cedo demais para sentir
Que nunca seja tarde demais para ver partir
Pois são os suspiros que mais revoltam a razão
São os suspiros que mais doem na alma

Lici Cruz